Imagem capa - TALK TO ME NICE, LET'S GO MAKAYLA!  por House Of Raabe
EntrevistaFQVogue na Cultura Pop

TALK TO ME NICE, LET'S GO MAKAYLA!

Iara Makayla da Silva Sabino ou Makayla Sabino é Bailarina e Coreógrafa, Mother da Kiki House of Império e Princess da Iconic House of Revlon, capítulo Brasil. Conhecida por alguns pelos trabalhos do lado de grandes artistas da música, Makayla é a nossa convidada da vez. 


Makayla iniciou seus estudos artísticos no teatro e no canto mas foi através das Danças Urbanas que ela conheceu a cultura Ballroom, na qual ela é uma peça muito importante e significativa no Brasil e, cada vez, mais no Mundo. Assistente e coreografa no projeto social do Complexo do Alemão, idealizado pelo Rio H2K, atuante em eventos e festivais importantes além de diversos reconhecimentos internacionais, filha e neta de mães solteiras, Makayla faz jus ao carinhoso atributo e reconhecimento de “The Queen of Brazil”. 


Foi através de vídeos de Leiomy Maldonado no Youtube que Makayla conheceu a cultura Ballroom, na época a cena ainda estava nascendo no nosso país e, com isso, as informações eram bem rasas. Através de Diego Cazul, criador da Pioneer Kiki House of Cazul, fundada em 2015, Makayla se aprofundou e teve mais conhecimentos históricos e técnicos sobre a cultura, além de continuar usando da internet como uma ferramenta de busca em documentários e vídeos até que surgiu sua primeira viagem para o evento BH Vogue Fever.




“Foi a partir de aulas com nomes como Lassandra, Archie e Dashaun que eu aprendi realmente o que era a cultura ballroom, foi quando eu literalmente conheci a cena num geral.”


Makayla é um dos nomes mais fortes quando o assunto é Femme Queens do Brasil, inclusive foi jurada da nossa primeira Kiki Ball, além do que as performances não negam, para ela carregar essa responsabilidade é algo que envolve muitos fatores.




“Não é sobre performance, não é sobre a melhor dançarina ou a Femme Queen mais operada, eu acho que é sobre caráter, é sobre construção, acho que também é ser presente na cena, é ser mãe, é ser você, é ser uma figura que está ali presente para fazer mudanças. Nossa, são vários fatores, essa é muito difícil pra mim mas eu acho que é uma mistura de todas essas vivências.” 


Quando se trata de Makayla e cena Ballroom, o que temos em resultado disso é um FURACÃO e 

por onde passa Makayla deixa sua marca registrada tanto em eventos nacionais como na Translumbrante Ball,  Animallia Ball e eventos internacionais como na Africa Ball e na The Free Agent Ball ambas em Paris, onde inclusive recebeu o título de Legendary na cena Kiki. 




Dentro da Ballroom existe uma grande expectativa das pessoas da cena sobre as FQ e, para Makayla, existem dois jeitos de diferenciar essa expectativa: o jeito bom e o jeito ruim.
O jeito bom é o que as pessoas esperam no quesito performance, no quesito atitude, presença e construção.


"Isso eu acho muito bom! As pessoas depositam essa expectativa em cima de mim e eu tenho sentido cada vez mais que as vezes eu ultrapasso essas expectativas e isso me engrandece muito."  

Já o que essas expectativas geram de ruim está relacionado à estética, as pessoas esperam que todas as FQ façam cirurgias, que coloquem silicone, que se harmonizem o tempo inteiro, usem roupas que "associam" a feminilidade (roupas curtas) entre vários outros estereótipos que ainda sim estão presentes dentro da cena.

Quando perguntamos sobre o que ela poderia deixar para ballroom, Makayla foi precisa e disse que espera que as pessoas aprendam a ouvir e a falar dentro da ballroom, que as pessoas tenham respeito pelas pessoas que estão na cena antes.


 "Saber chegar nas pessoas é muito importante, diria para que não se apressassem e que aceitem os processos de construção, de que aos poucos as coisas se ganham e tudo mais."


Inclusive, "processos" foi a palavra que Makayla disse que usaria para resumir sua transição, por conta das etapas: Primeiro ela teve que entender o que ela era e como ela queria ser, depois entender como ela iria falar isso para as pessoas, depois como ela iria fazer isso, como pesquisar um médico, transicionar, tomar hormônios, além de quebrar vários paradigmas no seu próprio corpo.
Vários processos que vivenciaria de novo, que trouxe a ela vários aprendizados de desconstrução, de tristeza, de disforia e que foram importantes para a sua construção.

"Eu senti muito apoio com relação a minha família, a Cazul, a Império, eu sinto muito apoio deles para comigo e de algumas outras pessoas da cultura. Eu não sou uma pessoa que romantiza muito dizer que a ballroom me apoia, seria hipocrisia, mas, dizer que algumas pessoas da cultura ballroom me apoiam é um fato. É isso, eu acho incrível isso tudo, sabe? Eu senti um acolhimento, eu senti que eu poderia ser eu mesma, mas um apoio mesmo eu só tive mais dos meus amigos, das pessoas que estão a minha volta, não da cultura em geral."



 Palco Mundo - Rock In Rio 2019 | Anitta


Além de ser um fenômeno dentro da cultura Ballroom, Makayla vem conseguindo se destacar e conquistando cada vez mais o seu espaço, além de ter sido bailarina das Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016, ela vem com um currículo bem forte e recheado com trabalhos de artistas como Dua Lipa, Iza, Beni Falcone, Oxa, Kevin, o Chris, Valesca Popozuda e, é claro, Anitta, entre outros.

Além de compor o Ballet da cantora em um dos palcos mais famosos do mundo, o Palco Mundo no Rock in Rio (2019), Makayla ainda atuou com Anitta no MTV Miaw (2020), performance para a Fifa (2020), Live da Magazine Luiza (2020) e o renomado Talk Show Americano The Tonight Show apresentado por Jimmy Fallon (2020). Recentemente, Makayla divulgou em seu Instagram mais um feito na sua carreira, oficialmente bailarina da cantora MC Rebecca, com quem também já possui outros trabalhos.




Esperamos que seja cada vez mais comum dentro da ballroom ver os nossos alcançando mais sucesso e visibilidade pelos seus trabalhos e por serem quem são. 

É maravilhoso ver quão longe a Makayla já chegou e ainda pode chegar. Afinal, com um currículo vasto desses, só nos resta questionar (e aguardar ansioses): quais serão os próximos passos da Queen of Brazil?


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Entrevista por Karoline Raabe

Texto: Junin Raabe, Karoline Raabe 

Redação e Supervisão Editorial: Caroline Frizeiro e Karoline Lima (Raabe).